Um dia o mundo terminou e eu decidi dormir. Assisti o naufrágio da nossa civilização deitada numa cama esquecida de um apartamento esquecido numa cidade onde eu conhecia ninguém. Quando último tijolo caiu e a energia elétrica apagou os postes, peguei minha bicicleta com o plano de viajar 15 dias. Quando voltei, descobri que já era mais de três meses depois.

O mundo sem anéis (2016, Selo Longe) é um diário dos meus 100 dias viajando de bicicleta sozinha entre a França, Espanha e Portugal. Escrito em fragmentos e inspirado na escrita Zen, ele é um testemunho sobre a vontade de deixar o passado morrer e continuar pedalando, mesmo sem saber por que, sempre

: continuar.

REPERCUSSÃO

Gazeta do Povo * Revista Trip Para Mulheres – TPM * Red Bull Site * Correio Braziliense * Correio Braziliense * Banca Tatuí

ENTREVISTAS

Metrópoles * TvUnB – Tirando de Letra * Iluminuras * Ossobuco.

ONDE COMPRAR

A primeira edição esgotou. Enquanto a segunda não chega, o O mundo está disponível em Kindle/ebook.

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INFO

O mundo sem anéis foi publicado em dezembro de 2015 pelo selo Longe, de Brasília, tem 162 páginas com ilustrações coloridas e mapas desenhados pela autora.


TRECHO

Uma ilha é um pedaço de terra cercado de água por todos os lados.

Mal completamos sete anos e na escola já nos ensinam essa estupidez de ter que  definir o óbvio

– cercada-de-água-por-todos-os-lados –

, mas não ensinam a sair da nossa própria prisão. Na falta de resposta, a dignidade da vida me explica: de uma ilha esquecida só se deve sair pelo ar, voando sobre, deixando pra trás. Deitada, assisto aos cometas e satélites, às estrelas cadentes e aos planetas da Via-Láctea. Estamos destinados a girar em torno do sol.

Só levantei da cama depois de dois meses, quando entendi que meu pedido de resgate em disco voador não seria atendido enquanto eu estivesse assim, deitada. Na falta de asa, lancei barco ao mar. Não na esperança de sair, que liberdade remando não é inteira. Mas na de ver o que estava ao redor.

Disse sim à mensagem que a Carol mandou de Genebra, explicando sobre os mais de mil quilômetros de ciclovias que se estendem pela costa atlântica da França, entre a Bretanha e a fronteira com a Espanha. Sim aos alforjes, às roupas de ciclista, aos mapas, às passagens de trem, ao equipamento de camping, a quinze dias viajando de bicicleta pela primeira vez.

Sim à viagem, que não é sair da ilha, mas perder-se em volta dela. Às vezes, quando não existe solução, a única coisa a fazer é contornar.